gato mau egípcio deitado.

Gato Mau Egípcio foi o primeiro felino a se aproximar dos humanos?

O gato Mau Egípcio é a raça que representa mais significativamente a milenar relação entre gatos e humanos. Isso porque acredita-se que esse bichano seja descendente direto dos primeiros felinos a se aproximarem dos antigos povos egípcios, há cerca de 6 mil anos.

A razão para essa crença está em pinturas egípcias de milhares de anos atrás. Sua pelagem malhada traz incrível semelhança com desenhos de gatos em papiros, tumbas e outras obras egípcias feitas há mais de 4 mil anos. 

“Antigamente, os gatos eram adorados como deuses. Eles não se esqueceram disso” – Terry Pratchett.

Desenho em um papiro egípcio que mostra um gato malhado matando uma cobra com uma faca! As manchas nas pelagens dos gatos retratados no antigo Egito remetem ao gato Mau Egípcio.
Desenho em um papiro egípcio que mostra um gato malhado matando uma cobra com uma faca! As manchas nas pelagens dos gatos retratados no antigo Egito remetem ao gato Mau Egípcio.

Curiosidades sobre o gato Mau Egípcio

A pelagem é uma dos ícones da raça. O Mau é o único gato doméstico que tem a pelagem coberta por pintas naturalmente, sem miscigenação planejada por humanos. Outros bichanos famosos por suas pintas, como o Savannah e o Bengal, adquiriram essas manchas por meio da mescla entre felinos domésticos e selvagens, organizada por criadores. Já o Ocicat, outro que é cheio de pintas, é resultado de cruzamentos de vários gatos domésticos, incluindo do próprio Mau Egípcio.

 

O nome Mau não tem nada a ver com a personalidade. Mau significa “gato”, e é uma adaptação do egípcio mjw — que possivelmente tem origem inspirada em “miau” ou “miu”, enfim, no miado do bichano. Em inglês, a raça leva o nome de Egyptian Mau. Já para os italianos é Mau Egiziano e em francês é Mau Égyptien.

Assista abaixo a um gato Mau Egípcio prata, de 8 meses, brincando (e ronronando) em sua nova casa.

Apesar da teoria sobre a ancestralidade do Mau, fato é que a aceitação da raça é bem mais recente que os tempos dos faraós. Foi a partir da década de 1970 que a Cat Fanciers’ Association (CFA) passou a reconhecer a raça.

Os acontecimentos que resultaram no Mau que conhecemos hoje se desenrolaram na década de 1950, em um mundo que se recuperava de uma guerra devastadora. 

Antes da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), já havia criadores de Mau Egípcio pela Europa, principalmente na Alemanha e Itália. A exemplo do ocorrido com várias raças, como o Azul Russo, que quase foi extinto, esse bichano viu seus criadores praticamente desaparecerem em razão do conflito bélico. E falando nisso, é de origem russa a mulher responsável pelo reconhecimento do Mau como raça.

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Uma princesa por trás da origem da raça do gato Mau Egípcio

O trabalho para reconhecimento do Mau Egípcio como raça é atribuído a uma princesa russa exilada na Itália, que depois se mudou para os Estados Unidos.

Segundo a versão da Comunidade Internacional Mau Egípcio, baseada na França, Nathalie Troubetzkoy nasceu em uma família russa, mas por circunstâncias diversas acabou exilada em Roma. Certo dia, foi presenteada por um menino, que trouxe para ela uma gatinha em uma caixa de papelão. A beleza incomum dessa gata, com pelos prateados e com pintas pretas, a conquistou de imediato.

Outras versões apontam que Nathalie teria se apaixonado ao ver o bichano na casa de um diplomata, também na Itália. De todo modo, as histórias convergem no fato em que a princesa russa passou a pesquisar sobre o exótico bichano malhado e conseguiu até importar um diretamente do Egito.

Em 1956, a princesa mudou-se para Nova York junto com três Maus — duas fêmeas prateadas, Baba e Liza, e um macho bronze, Jojo. E lá fundou o Gatil Fátima, que deu fama à raça nos Estados Unidos.

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Gato Mau Egípcio: raça foi reconhecida em 1977.

Demorou pouco mais de duas décadas para vir o reconhecimento oficial do bichano. Em 1977, o Mau Egípcio foi reconhecido como raça pela Cat Fanciers’ Association. Em 1979, foi a vez da The International Cat Fancier (Tica) reconhecer o felino. Por fim, veio a certificação da Fédération Internationale Féline (Fife) em 1992 — considerada a Nações Unidas das federações de gatos, representando 40 países.

Não há consenso se o gato Mau Egípcio é o mesmo bichano que ronronava no colo dos faraós. Uma certeza é que o fascínio exercido pelos felinos sobre os homens data de milênios, e não há como falar do Mau Egípcio sem fazer uma empolgante viagem no tempo. É o que a gente vê a partir de agora!

Gato Mau Egícpio: ronronando na Pré-História

Há mais de 5 mil anos começaram a surgir os primeiros assentamentos humanos ao longo do Rio Nilo, no Egito. Nesse período, chamado de neolítico, a humanidade desenvolvia a agricultura. Por volta dessa época, o solo fértil às margens do rio também pode ter favorecido a aproximação de pessoas e gatos. 

Cabe aqui uma rápida observação. Achados arqueológicos nas últimas décadas apontam que a relação entre bichanos e humanos é, possivelmente, muito, mas muito anterior aos tempos dos faraós. Uma ossada de gato foi encontrada por arqueólogos franceses junto à ossada de um humano em uma sepultura de, pasme, 9,5 mil anos atrás.

Para os cientistas, esse achado demonstra uma forte ligação da pessoa com o animal em tempos muito remotos. Imagine que esse funeral ocorreu há quase 10 mil anos, quando a melhor tecnologia disponível era a pedra polida. A roda só seria inventada uns 6 mil anos depois. E as pessoas já tinham gatos!

Mais intrigante ainda é a localização desse achado: a ilha mediterrânea de Chipre. De acordo com os cientistas, os gatos não são nativos do local. Logo, o bichano foi levado pelos seus donos até a ilha, em pleno período neolítico.

Pintura em uma tumba em Tebas com um gato cançando aves.
Detalhe de uma pintura em uma tumba em Tebas. A sepultura pertencia a Nebamun, membro da elite sacerdotal egípcia, em torno de 1500 a.C. Na imagem, um gato aparece caçando aves.

Agora, de volta ao antigo Egito.

A teoria é que uma coisa puxou a outra. As terras férteis às margens do Nilo atraíram os povos ligados ao plantio de alimentos. A agricultura pode ter resultado numa infestação de ratos, que comiam os cereais estocados e, de quebra, ameaçavam a saúde coletiva. Os roedores também podem ter atraído cobras. Imagine o alívio quando apareceram os primeiros bichanos, determinados em encher a pancinha com as ratazanas e cobras. Não demorou para serem vistos como divindades.

Deusa Bastet: uma gata adorada pelos egípcios

A deusa Bastet, uma mulher com cabeça de gata, é prova de como os antigos egípcios tinham uma relação espiritual com os bichanos. Inicialmente — isso há cerca de 5 mil anos —, ela era retratada com uma cabeça de leoa. Após alguns séculos, a deusa Bastet passou a ser desenhada e esculpida com cabeça de gata.

Entre as funções da deusa Bastet, estava a de protetora dos lares e da fertilidade. Em alguns textos, ela também aparece como uma figura vingativa e impiedosa. Para os egípcios daqueles tempos, maltratar gatos era visto como uma afronta direta a Bastet.

Escultura em bronze da deusa Bastet. Aos pés da deusa estão quatro gatinhos que representam fertilidade. Na mão, ela carrega um instrumento musical que lembra um chocalho.
Escultura em bronze da deusa Bastet, no Museu Britânico. A estimativa é que a obra tenha sido feita entre 600 e 900 a.C. Os quatro gatinhos aos pés da deusa representam a fertilidade. Na mão, ela carrega um instrumento musical, que lembra chocalho. Isso porque a deusa também era associada à folia e bebedeira.

Cemitério de gatos no Egito: uma descoberta impressionante

Segundo alguns historiadores, quem matasse um gato poderia ser condenado à morte no antigo Egito. Mas descobertas arqueológicas apontam que muitos gatos tiveram suas vidas ceifadas para rituais religiosos

Já outros achados arqueológicos demonstram também que muita gente garantia uma vida tranquila e longa para seus bichanos. Recentemente, pesquisadores encontraram no Egito o mais antigo cemitério de animais que se tem registro. Com uma grande diferença quando comparamos esses achados com os de gatos mortos em rituais religiosos. Os felinos sepultados nesse cemitério não foram mumificados, tampouco apresentavam sinais de terem sofrido maus-tratos.

Segundo os pesquisadores envolvidos na descoberta desse cemitério, os animais foram sepultados lá porque morreram naturalmente, pela idade ou por doenças. Dos cerca de 600 animais enterrados no local, 90% eram gatos, muitos deles com coleiras e colares, o que indicava que tinham zelosos tutores.

O historiador e geógrafo grego Heródoto (485 a.C.–425 a.C.), também conhecido como pai da história, registrou o apreço dos egípcios por seus pets. Ele escreveu que quando acontecia um incêndio em uma casa, a primeira preocupação dos moradores era garantir que os gatos não se ferissem. Ele também anotou que, como sinal de dor, “todos os moradores de uma casa onde um gato morreu de morte natural raspam as sobrancelhas”. 

Gatos: de caçadores de ratos a deuses do lar

Se hoje os donos de gatos não resistem em bater fotos do bichano para publicar em redes sociais, há milhares de anos o desejo era o mesmo; só a tecnologia era diferente.

Pintura na parede de uma tumba em Tebas mostra um gato comendo um peixe sob uma mesa. Registro indica que gatos e pessoas já conviviam dentro de casa.
Bichano saboreando um peixe sob uma mesa, indicando o convívio dentro de casa. A pintura foi encontrada na parede de uma tumba em Tebas, e foi pintada por volta de 1500 a.C. No local estava sepultado Nakht, que teria sido um escriba e astrônomo, segundo os pesquisadores.

Segundo artigo da revista Science, a arte mostra a evolução dos gatos na sociedade egípcia com o passar dos séculos. Os primeiros desenhos de gatos feitos pelos egípcios, nas paredes de tumbas de calcário, mostravam os bichanos dando duro, como ferozes caçadores de ratos. Mas a coisa foi mudando.

Anos depois, os desenhos já mostravam os felinos com coleiras, caçando pássaros sob o olhar de humanos. E por volta de 1.500 a.C., já tinha desenho dos bichanos como pets dos dias de hoje: sentados sob cadeiras à mesa do jantar, comendo junto com os humanos.

A dominação felina começou muito antes do que você imaginava!

Agora, a gente mergulha na personalidade e nas características e do gato Mau Egípcio!

Personalidade do gato Mau Egípcio

O gato é descrito como praticamente “um grude” em seus tutores, quando sente confiança neles. Estabelecida essa relação de segurança, a dedicação do Mau é extrema: ele fica seguindo os moradores da casa à espera de um carinho.

O bichano também é brincalhão e tem grande vigor físico. É considerado o mais rápido entre os gatos domésticos, graças a uma faixa extra de pele no abdômen, que lhe garante maior elasticidade. E essa folguinha na pele não serve apenas para sair no pinote, mas também permite grandes saltos. O bicho, além de amoroso, é um atleta.

Características do gato Mau Egípcio

Além da pelagem repleta de pintas, os gatos da raça Mau Egípcio têm um “M” na testa, muitas vezes chamado como “marca do escaravelho”. O bichano também conta com uma faixa que percorre todo o dorso, até a ponta da cauda.

Veja um gato Mau Egípcio bronze chegando em sua nova casa, na Holanda:

Os olhos são grandes, verdes e arredondados, com uma inclinação para a base da orelha. Essa composição dá uma expressão de “preocupado” ao gato. 

A pelagem é média, o que não demanda muito trabalho além da escovação de rotina para a remoção dos pelos mortos. Saiba mais aqui sobre como escovar seu gato e escolher qual a melhor escova. As cores mais tradicionais são prata, bronze e smoke. 

Saúde

Os primeiros exemplares de Mau Egípcio apresentaram problemas como cardiopatia, asma, luxação patelar e dificuldades no parto. Segundo os criadores, a saúde da raça melhorou muito nas últimas décadas, com o cruzamento de linhas tradicionais com indianas. De acordo com a CFA, no geral esses bichanos são “extremamente saudáveis, com expectativa de vida média de aproximadamente 12 anos”.

Qual o preço do gato Mau Egípcio?

Se você pensa em comprar um gato Mau Egípcio no Brasil, vai ter que procurar bastante, e o preço, caso consiga encontrar um, vai girar em torno de R$ 5 mil — conforme estimativa de criadores, em 2022. A raça é raríssima no país, sendo poucos os gatis que criam filhotes de Mau Egípcio. Nos Estados Unidos, o preço médio é de US$ 1 mil.

gato mau egípcio adulto à frente e ao fundo quatro filhotes.
Adulto e filhotes do gato Mau Egípcio: raça é extremamente rara no Brasil.

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